Segue abaixo um trecho do livro À sombra de Nabuco, de Alfredinho Kunz, que nos faz retomar a dignidade do ser humano ridicularizado.
"Havia em Quebec, Canadá, um desenhista famoso que quase
todos os dias fazia a caricatura do primeiro-ministro daquela época, Maurice
Duplessis. Todas as vezes apareciam ao lado do ministro dois ou três urubus
esperando, pelo menos, que ele desaparecesse do governo.
No dia da
morte do primeiro-ministro, o mesmo desenhista fez um retrato a lápis de seu
inimigo político. Dessa vez a imagem revelava grande dignidade.
Assim
deveria ser sempre. A caricatura ridiculariza a pessoa e provoca a rejeição.
Quando se apresenta um rico é sempre com os dentes fora da boca, bem barrigudo,
as mãos segurando um saco de dólares e a cabeça coberta com um chapéu de três
andares.
No caso de
policiais, a imagem é sempre de homens
dando cassetadas na cabeça de manifestantes. Será que é só isso que todos os
policiais fazem? Por que não representá-los levando um ferido ao
pronto-socorro?
O padre só
é reconhecido usando uma batina do século passado; quanto ao pobre, só pode ser
reconhecido se tem roupas esfarrapadas que mal cobrem seu corpo esquelético.
Em nossas
lutas vamos resistir: resgatar a dignidade do ser humano ridicularizado.
Dizia o
escritor Michel Quoist: "O homem, por mais mesquinho que seja, merece
respeito, exige respeito, pela dignidade do homem!".
O pai do
padre Oliva era alcoólatra. Trabalhando muito, a mãe criou os doze filhos.
Quando um deles fazia crítica ela cortava a queixa dizendo: "É o seu
pai!".
Tratando
Nabuco com dignidade vou obrigá-lo a me receber também como pessoa."
(KUNZ, Frédy. À sombra de Nabuco. São Paulo: Loyola, 1997,
pp. 35-36.)
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